Dez dicas para organizar as finanças na terceira idade

Especialistas listam as principais medidas para manter as contas em dia após os 60 anos

Com uma eventual redução de rendimentos após a aposentadoria ou devido a despesas inesperadas que pesam em um orçamento doméstico já limitado, a terceira idade pode ser desafiadora também na área das finanças pessoais. Outros fatores servem de alerta, como tentativas constantes de golpes ou ofertas aparentemente tentadoras de empréstimos consignados com juros exorbitantes.

A pedido de GZH, dois profissionais da área econômica listaram aquelas que consideram as principais medidas para manter as contas em dia após os 60 anos. Em primeiro lugar, o óbvio precisa ser dito: adapte o seu padrão de vida ao tamanho da renda. Em resumo, não é possível gastar mais do que se tem ou do que se ganha.

Priscila Bordin, contadora, mestre em Economia e professora da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos, justifica a importância do planejamento financeiro na velhice:

Para começar, Priscila sugere que os idosos comecem fazendo seu orçamento pessoal, listando dívidas, necessidades, custos fixos e variáveis. Convém se ter sempre uma reserva de emergência. Quem enfrentar dificuldade para se organizar pode pedir ajuda a filhos e netos ou a alguma pessoa isenta. Há instituições como universidades que oferecem esse serviço gratuitamente à comunidade.

Professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o economista Gustavo de Moraes frisa que é fundamental a pesquisa de preço, sobretudo para alimentos, remédios e itens de higiene. Medicamentos, que podem abocanhar grande parte da renda conforme avança a idade, devem ter valores aferidos em cinco redes de farmácias diferentes.

1. Anote tudo

Mantenha uma planilha para anotar todos os gastos, pequenos e grandes. Tomou um cafezinho e comeu um pão de queijo? Anote. No conjunto dos dias e das semanas, você poderá avaliar quando, onde e em que circunstâncias costuma gastar mais.

— Você começa a perceber os dias que o vão deixando mais pobre. A intenção não é proibir, mas poder, justamente, ter esse acompanhamento, saber o dia em que gastou mais, o dia em que gastou menos e entender o seu padrão — orienta o economista Gustavo de Moraes.

Sabe-se que as pessoas gastam mais quando estão felizes e aos finais de semana.

— Olhe seus padrões psicológicos, perceba os dias em que está mais propício a gastar e se discipline — ensina Moraes.

Priscila Bordin, professora da Unisinos, sugere a organização de um orçamento pessoal em que se possa listar dívidas, necessidades, custos fixos e variáveis.

2. Compre em grandes quantidades

Fazer compras de produtos em grandes quantidades significa possibilidade de ter descontos. Se você mora sozinho, pode se organizar com vizinhos e amigos para fazer aquisições maiores.

3. Pesquise preços

A estratégia de procurar ofertas e os melhores negócios vale para todas as compras a serem feitas, em especial as de medicamentos, que podem representar grande parcela do orçamento de um idoso. Procure comprar em maior quantidade, observando sempre as datas de validade, para conseguir melhores preços. Pesquise em cinco redes de farmácias diferentes.

4. Não use o cartão de crédito

Trata-se de um recurso que deve ser considerado apenas em emergências, como no caso de uma viagem inesperada. Estabeleça um padrão de vida de acordo com seus rendimentos mensais, sem ter de recorrer ao cartão. Para as despesas do dia a dia, utilize o saldo disponível em conta corrente — anotando os gastos, em seguida, em sua planilha de controle.

— No geral, o cartão de crédito acaba não sendo muito compensatório. Nos programas de milhas, os produtos, em geral, são de menor qualidade. E, para passagens aéreas, são necessárias muitas, muitas milhas — opina Moraes.

5. Fuja do empréstimo consignado

Tipo de empréstimo com desconto em folha de pagamento e juros altos, que representa um enorme risco à saúde financeira. Idosos e aposentados costumam ser assediados com propostas de valores tentadores.

— Contratar o consignado significa incorrer em juros altos. Só recomendamos o consignado em uma extrema emergência. De resto, não — alerta o economista da PUCRS.

6. Evite golpes

Priscila Bordin, da Unisinos, salienta a importância da informação para se precaver de golpes. Não clique em links desconhecidos, não abra arquivos anexos em mensagens cujo remetente você desconhece e se assegure de que este ou aquele comunicado foi enviado mesmo pelo seu banco. Desconfie sempre de telefonemas em que o interlocutor pede senhas ou pagamentos.

— Nunca deposite valores antecipadamente para a contratação de empréstimos ou serviços. Nenhuma entidade financeira vai fazer isso, não vão lhe pedir uma caução para que você possa solicitar um empréstimo depois. Tem que sempre se blindar contra isso. Essas pessoas são muito convincentes e muito rápidas — diz a contadora.

7. Transforme hobbies em receita

Tricô, crochê, pintura, artesanato, confeitaria, carpintaria. Já pensou que seus hobbies podem ser uma forma de incrementar a renda? Monetizar um desses passatempos pode permitir criar um salário extra e amenizar uma eventual redução de renda na aposentadoria.

— Fica sendo também um estímulo à autoestima — observa o professor Moraes.

8. Economize 10%

É importante pensar a longo prazo. Que planos e desejos você tem para colocar em prática? Além de realizar vontades, uma reserva pode ser importante para lidar com contratempos que surgirem pelo caminho. No início, economizar 10% da renda pode parecer pouco, mas Moraes garante que vale a pena.

— As pessoas têm a mente muito focada no presente, inclusive as de alta renda. Há pessoas com salários maravilhosos que gastam tudo no mês — diz o docente da PUCRS.

9. Invista em renda fixa

Se tiver valores sobrando, opte por concentrar seus investimentos em renda fixa (tesouro direto e CDB, por exemplo). Recomenda-se que o investidor, à medida em que envelhece, reduza os riscos e prefira destinos mais conservadores para o seu dinheiro. Quem investe em produtos de renda variável corre mais riscos, o que tem mais a ver com clientes mais jovens.

10. Realize sonhos

De acordo com Priscila, um planejamento financeiro só faz sentido quando é possível atestar que os rendimentos dos investimentos e os valores poupados podem dar frutos.

— O que a pessoa deseja? Passeios, viagens, jantares, encontros com amigos? Que aproveite o dinheiro da forma que fizer sentido para ela. Que essas sejam as prioridades para o dinheiro poupado. Isso também faz bem para a saúde mental. Quando você se planeja, para de gastar em coisas supérfluas e direciona aquilo para você — fala a professora da Unisinos.

FONTE: GZH
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