Não seriam as pessoas idosas as portadoras da chamada “sabedoria”?
Na coluna deste mês, não farei resenhas assim como venho fazendo sempre. Pretendo, apenas, contar uma história para que vocês, leitores,reflitam e comentem a respeito das relações intergeracionais.
O que uma criança mais gosta? De comemorar seu aniversário, é claro. Mas, mais do que isto, o que ela adora mesmo é de abrir os presentes. Além disso, o que ela verdadeiramente ama é, ao abri-los, encontrar brinquedos e jogos.
Pois bem, era aniversário de um menino que vivia com seus pais e cujo avô morava com eles. Esta foi uma situação imposta e não desejada, já que ele era o pai do pai da criança e já que seu outro filho não se prontificava a morar com ele.
Bem, após a sua festa de aniversário, o menino começou a abrir os presentes: roupas – que não fazem tanto sucesso –; livros e DVDs – alguns repetidos que precisarão ser trocados –; sabonetes e xampus – que as mães parecem gostar muito –; brinquedos variados, de diferentes tamanhos, tipos e qualidade, e O JOGO QUE ELE MAIS QUERIA!!!
Até então, a história caminhava tranquilamente, sem conflito algum. Ele rasgou o plástico que envolvia o jogo, abriu a tampa, levantou o tabuleiro e encontrou o que esperava: a máquina!
O problema começou: para jogar é preciso fazer a máquina funcionar com PILHAS!!! Ele não teve dúvida: foi ao quarto da mãe e perguntou: “Você tem pilha?”, mas a mãe não tinha. Foi até o pai: “Tem pilha?” e ele também não tinha, mas deu uma ideia: “Peça emprestado para seu avô. Ele pode retirar do controle remoto da TV”.
Parecia que seu problema iria, finalmente, encontrar uma solução. Mas não se engane, amigo leitor, aqui começa o conflito dessa história.
O avô, que apesar de muito idoso, não é uma pessoa doente ou “entrevado”, como dizem por aí, estava deitado em sua cama confortável, num quarto só seu, quando foi abordado pela criança: “Vô, o senhor pode me emprestar as pilhas de seu controle remoto?”
Paro a história por um momento e pergunto: O que você, leitor, que possivelmente tem alguma concepção do que é desempenhar o papel social de avô, diria?
a) SIM
b) SIM, traga o jogo para vermos juntos
c) SIM, pode tirar as pilhas do controle
d) SIM, mas traga de volta assim que acabar de jogar
e) SIM, vou tirá-las para você
Pois agora, retomando a história, eu digo a vocês que a resposta foi “NÃO!”.
Persistente, como toda criança, o menino retrucou: “É que estou super curioso para saber como funciona”. Então, veio a resposta rápida e direta: “E daí?”. O menino insistiu: “Será por pouco tempo, pois durmo às 21 horas e já são 19”. A resposta definitiva soou como uma facada final: “A pilha é minha e eu não empresto!”.
Fica aqui a reflexão: não seriam as pessoas idosas as portadoras da chamada “sabedoria”? Não deveriam as pessoas que são cuidadas por seus filhos, contribuírem com o bem estar de seu neto, num gesto simples de gratidão? O que esta criança aprendeu com este idoso?
5.447 comentários sobre “Não seriam as pessoas idosas as portadoras da chamada “sabedoria”?”